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Arquitetos: Joao Costa Nóbrega, Arquitecto
- Área: 204 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Henrique Seruca, João Costa Nóbrega
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Fabricantes: Balneum Design, Exporlux, JNF, REHAU
Descrição enviada pela equipe de projeto. A necessidade de albergar uma importante coleção privada de arte contemporânea ditou o programa para a obra nova num conjunto de intervenções de reabilitação programadas para a Quinta de São João, em Câmara de Lobos.
A Quinta, de tradição agrícola, inclui uma casa com algumas intervenções anteriores, uma capela do séc.XVII, um pequeno palheiro e um armazém parcialmente convertido em Residência Artística que mantem uma adega e um lagar para produção de vinho próprio. O declive pronunciado revela e acentua a presença das vinhas plantadas em latada, proporcionando uma vista panorâmica até ao oceano e desenhando um alçado mais do que uma vista aérea.
A preservação da paisagem humanizada das zonas altas de Câmara de Lobos e a integração de soluções técnicas para tornar a Quinta auto-sustentável a nível energético determinou o gesto inicial que definiu a implantação da galeria construída.
A ideia de que um novo edifício não teria de se exibir na quinta desenvolveu-se como a mais indicada, aproveitando a existência de um programa que permitia a sua concretização.
A presença do vinhedo domina a vista da Quinta, que, quer a nível paisagístico, quer a nível agrícola era imperativo manter. Assim, surge um volume que resulta de uma incisão no terreno, que volta a ser reposto nas suas cotas originais, camuflando o edifício, e ficando disponível para ser envolvido novamente pelas vinhas guiadas pelas latadas.
O exterior, ou aquilo que inevitavelmente se apresenta visível, atingirá a maturidade assim que as texturas do betão descofrado assimilarem as cores da envolvente próxima, escurecendo nas zonas sombreadas e mantendo a sua jovialidade nas superfícies mais expostas.
Através de uma antecâmara exterior que se encerra totalmente fora do período de atividade, entramos num "bunker" onde a luz zenital irrompe talvez de forma inesperada através de três clarabóias que, exteriormente, integram um grande número de painéis fotovoltaicos, essenciais ao funcionamento dos sistemas de tecto e pavimento radiantes ajustados à boa conservação das obras de arte. O espaço é neutro e a iluminação artificial pretende ser o menos presente possível, complementando a luz difusa proporcionada pelas clarabóias e aquela que provém do saguão projetado com um pequeno lago ajustado à escultura instalada. Este espaço, contíguo à área técnica exterior começa a adquirir a desejável "patine" sobre o betão descofrado, enriquecendo os reflexos produzidos pela luz que lateralmente incide sobre o local.
A área de exposição, é só complementada por instalações sanitárias e por uma área interior de depósito que totalizam 204m2 de construção inseridos numa propriedade com 5.880m2.